Resposta de Manuel Santos Maia à questão colocada por Mariana Silva:Creio que do arquivo em questão deveriam constar imagens que enquadrem, representem e complementem o real e outras que permitam a evasão deste. Todas elas deverão dar conta das múltiplas realidades que constituem o real. A apresentação destas imagens deverá revelar o autor, o seu pensamento, as reflexões, a sua intenção, o seu objectivo e permitir ainda que se estabeleçam relações afectivas e intelectuais. Se sabemos que Portugal é um país de migrantes, se conhecemos os principais fluxos, as zonas e os destinos de emigração, porque são insuficientes as imagens documentais ou ficcionais que representem esta realidade? Sem elas, o que conhecemos dos nossos migrantes? O que conhecemos das suas experiências e vivências? Detendo-nos na imigração verificada em Portugal e centrando-nos no período posterior à independência das antigas colónias portuguesas, com o retorno de muitos portugueses que nelas viviam ou nasceram e com a vinda de muitos africanos, muitas foram as alterações culturais, sociais, políticas e religiosas verificadas. Contudo, na produção artística contemporânea e em especial na área das artes plásticas, poucos são os estudos ou os momentos de reflexão sobre a influência e a presença da cultura africana na criação artística portuguesa. Pelo exposto, eu sugeriria a inclusão neste arquivo de imagens documentais ou ficcionais, de privados e de instituições (ligadas às imagens tanto a nível da criação como da exibição) que possam inscrever e tornar visíveis as realidades dos migrantes. Manuel Santos Maia, artista plástico
Mariana Silva _ BESREVELAÇÃO 2008
06 DEZ 2008 - 15 MAR 2009 - MUSEU
A quarta edição, do concurso BES Revelação apresentará em Serralves, a partir de Novembro, trabalhos inéditos de três jovens artistas. São eles Mariana Silva, David Infante e Nikolai Nekh.
A proposta de Mariana Silva (Lisboa, 1983) assume-se como um prolongamento do seu trabalho em torno das questões da função documental da imagem e da sua relação com a memória colectiva.
Partindo de um conjunto de filmes documentais que retratam parte da história recente de Portugal, Mariana Silva propõe-se "desenvolver um modelo de arquivo que oferece diferentes estratégias para o visionamento destas películas, e onde se procura desconstruir quer os habituais protocolos de experiência destes materiais, quer a noção de visualidade absoluta".