Este é o retrato de um País que pensa o presente à distancia, com a claridade que este permite ter.

Os Sem Nome – uma cartografia de um País sem assinatura

Esta exposição baseia-se numa pesquisa de novas formas pensar a ficção cientifica que vivemos na relação entre a produção artística democratizada por novas tecnologias e a pesquisa curatorial.

Fotógrafos que partilham imagens na rede internet flickr e que se encontram virtualmente num contexto globalizado a partilhar imagens locais de um Pais que poderíamos reconhecer como Portugal.

Exposição de imagens fotográficas em suporte digital de formas de ver: estradas, pessoas nos cafés, amores, automóveis, fabricas abandonadas com mar e céu sempre presentes.

O território que traçamos hoje não traz fronteiras mas uma luz que o distingue de outras geografias; Autores sem nome próprio, sem assinatura, a obra de arte a descobrir entre um nome inventado e real como a ficção que vivemos no nosso dia-a-dia entre facebooks e vídeo conferencias; Este é o retrato de um País que pensa o presente à distancia, com a claridade que este permite ter. Não assinamos uma historia colectiva mas guardamos numa memoria virtual as imagens que construímos na nossa passagem por um território real.

Os Sem Nome somos todos nos mas o seu retrato talvez ainda nos seja desconhecido.

Sílvia Guerra, curadora da exposição

“Os Sem Nome” será a primeira exposição do projecto Tráfico, cujo o convidado não é um artista, mas sim um curador.Silvia Guerra traz-nos uma visão de um Portugal diferente e onde as palavras “esquecido” e “adormecido” fazem parte de uma lista de outros adjectivos que poderiam classificar o chamado Portugal Contemporâneo. O projecto curatorial explora os novos meios, como o uso das redes sociais na Web, nomeadamente o Flickr; assim como abre a discussão para outras reflexões do âmbito da sociedade portuguesa contemporânea.Uma delas e que em parte se relaciona com a anterior é a “geração Erasmus”. Esta nova geração nascida após a adesão de Portugal a um espaço comunitário alargado trouxe consigo uma aproximação diferente e que ajudou a quebrar a imagem dos portugueses enquanto povo isolado e alienado do resto do mundo habitualmente cingido à sua vida de sobrevivência no canto oeste da Europa ou a histórias de emigação carregadas de sacrifício e saudade.Se por um lado lhe foi dada a oportunidade de viajar e estudar fora do país, por outro transformou-se numa geração em rota de colisão com o modo de vida existente e mais exigente.As suas ideias e forma de estar entraram, ainda que não premitadamente, em choque com a realidade do seu país natal forçando-a a procurar oportunidades fora do país.A barreira da adaptação a um novo lugar, cultura e língua foi iniciada na fase de aprendizagem anterior, não sendo um problema de maior.Portugal perdeu assim uma oportunidade de se reabilitar ao Mundo, através da inclusão da maioria destes indivíduos, mais cultos e com mais conhecimentos, na sua população activa gerando um novo fenómeno de emigração, que perspectivando num longo-prazo poderá custar caro ao país. Contudo, sentimentos identificados como quase únicos noutros tempos, como a saudade, mantêm os laços entre este grupo e o país.Tal como no passado, Portugal tornou-se no lugar onde vivem a família, amigos e onde habitam as memórias da infância – as raízes.A Fotografia tornou-se então numa forma de linguagem – um standard “de facto”, entre várias pessoas desta geração, que habitam dentro e fora do país.A partir dessas imagens é possível identificar um Portugal diferente: o destino das férias, o da vida quotidiana ou o que está carregado de detalhes que pela habituação do olhar se tornam indiferentes.Da reunião de vários destes pontos de vista surge esta exposição, que Silvia Guerra traz até nós e que nos volta a devolver o país onde vivemos. (Ver / Ler aqui)