parte do seu mundo Inaugura dia 3 de Abril às 18H00 Espaço sala Round the Corner do Teatro da Trindade em Lisboa Curadoria Margarida Mendes, inseridas no ciclo 7 DAYS PROJECT Diariamente, das 18h00 às 20h00
non - parte do seu mundo Instalação – esculturas (barro, pasta de papel, arame, resina e acrílico ), objectos (andorinhas de barro), madeira e ferro 2003 - 2009
Em Portugal, país que durante a primeira e segunda metade do século passado, registou fortes fluxos emigratórios, veio a registar no final do mesmo século, com a descolonização, e nos primeiros anos do novo século, um substancial fluxo imigratório que veio alterar a composição da população estrangeira a residir em Portugal.
A edição especial da publicação Courrier Internacional dedicada ao fenómeno das migrações comentava: “Refugiados ambientais, exilados políticos, emigrantes económicos, expatriados… Todos os anos, milhões de pessoas optam por mudar de país ou são forçados a tal.” O movimento global tem crescido de forma nunca vista. Conhecemos as principais zonas de emigração, os principais fluxos num mundo de migrantes; mas, das suas experiências e vivências, o que sabemos? Quais as alegrias, as tristezas? O que conhecemos destes migrantes? Que caminhos trilharam? Em Portugal, país que durante a primeira e segunda metade do século passado, registou fortes fluxos emigratórios, veio a registar no final do mesmo século, com a descolonização, e nos primeiros anos do novo século, um substancial fluxo imigratório que veio alterar a composição da população estrangeira a residir em Portugal. Como explana Maria Ioannis Baganha “O fim do império colonial em África implicou um processo de descolonização que teve como consequência a vinda de milhares de cidadãos dos novos países africanos para Portugal. este fluxo migratório das ex-colónias veio alterar substancialmente a composição da população estrangeira a residir em Portugal, até aí essencialmente constituída por europeus e brasileiros. (…) no decorrer da década de 80 a população estrangeira cresceu a uma taxa média anual de 6%, atingindo 101011 pessoas em 1989.Na década seguinte o fluxo migratório intensifica-se ligeiramente (a taxa anual média de crescimento diversifica-se. Em 1999 residem legalmente em Portugal 190896 estrangeiros dos quais 47% eram de oriundos de África, 30% da Europa, 14% da América do Sul e 5% da América do Norte. (…) Nos últimos três anos, os fluxos migratórios registaram uma intensidade sem precedentes. De facto, entre 1999 e 2002 o número de estrangeiros com residência legal em Portugal cresceu 117%, atingindo 413304 pessoas em finais de 2002” Se estes dados, nos informam e nos esclarecem quanto às movimentações de populações; eles são ainda insuficientes para nos elucidar quanto às origens da migração e quanto aos seus efeitos. Ao contrário do que se possa pensar “As determinantes da emigração não radicam na pobreza ou nas diferenças absolutas de salários entre países receptores e emissores. Os mais pobres raramente emigram;” segundo Alejandro Portes. Poderemos questionar - porque razão a migração com destino a Portugal ocorre principalmente das suas antigas colónias? O mesmo autor esclarece-nos que “As correntes migratórias em geral dirigem-se de países periféricos para aqueles países centrais com os quais possuem maiores vínculos históricos e que são normalmente responsáveis pela difusão de novos desejos e aspirações.” Conhecidas as motivações que levaram à escolha de um determinado país, teremos que conhecer as vivências dos imigrantes no país receptor, para que possamos compreender, a dimensão da sua presença no país de adopção. Deveremos então colocar as seguintes questões: como se efectua o processo de adaptação? qual o seu êxito? entre os imigrantes de primeira e os de segunda geração, quais as diferenças e alterações verificadas no processo de adaptação? Segundo Portes, “O processo de adaptação dos imigrantes não culmina necessariamente na sua assimilação à cultura e sociedade receptoras. Pode antes orientar-se em direcções fundamentalmente distintas que incluem: (a) o regresso ao país emissor; (b) o surgimento voluntário de enclaves étnicos semi-permanentes com cultura própria; (c) a segregação racial dos imigrantes por parte da sociedade receptora e o seu confinamento involuntário a um sistema de castas. O êxito do processo de adaptação depende menos daquilo que os imigrantes trazem consigo e mais de como são acolhidos pelo governo e sociedade receptoras. Os modos de recepção hostis dão lugar a “formações reactivas” que distanciam os imigrantes cada vez mais dos padrões normativos dominantes e dão lugar a crescentes conflitos inter-étnicos. A longo prazo, o carácter da adaptação de minorias estrangeiras não se afere pelo destino da primeira geração mas da segunda. Os imigrantes de primeira geração orientam-se constantemente para os seus países de origem e a eles regressão em muitos dos casos. O seu ponto de referência consiste nos salários e condições de vida deixados para trás. Os seus filhos, contudo, orientam-se para o país receptor do qual são cidadãos legais ou, pelo menos, membros sociais. Os resultados finais do processo de adaptação (…) ocorrem a partir da segunda geração.” Pelo exposto, e parafraseando o artigo do Courrier Internacional, aplicando-o à realidade portuguesa, poderemos colocar as mesmas questões: Se sabemos que Portugal é um país de migrantes, se conhecemos os principais fluxos, as zonas de emigração e os destinos; o que sabemos das suas experiências e vivências? O que conhecemos dos nosso migrantes? Restringindo o campo de análise, detendo-nos na imigração verificada em Portugal; muitas foram as alterações culturais, sociais, políticas e religiosas verificadas. Contudo, na produção artística contemporânea e em especial na área das artes plásticas, poucos são os estudos ou os momentos de reflexão sobre a influência e sobre a presença de outras imagens e de outras culturas na criação artística portuguesa. parte do seu mundo reflecte a condição de muitos dos migrantes, que se encontram a viver em Portugal e outros que saíram do país; que procuraram e hoje voltam a procurar outros horizontes. M.S.MSala Round the Corner A sala Round the Corner é um espaço de articulação da arte teatral com as artes plásticas, digitais e performativas que se destina ao acolhimento gratuito de novos projectos curatoriais e artísticos. Situada no edifício do Teatro da Trindade, esta sala funcionará como uma plataforma laboratorial para a apresentação de trabalhos menos convencionais da produção contemporânea, sendo convidados, para o efeito, jovens curadores e artistas.
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